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Assédio de centrais sindicais a ciristas é terrorismo eleitoral

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

Os trabalhadores não são massa de manobra, querem um futuro, não o passado e o presente trágicos

No mesmo dia em que representantes das centrais sindicais foram ao Ministério Público do Trabalho pedir aumento da fiscalização, do combate e da punição ao assédio eleitoral no local de trabalho por parte dos empresários bolsonaristas, divulgam uma nota tentando promover assédio eleitoral sobre os trabalhadores, tentando difundir a falsa ideia de que votar no melhor projeto para o País é errado e o certo é votar em Lula no primeiro turno.

A nota conta com a assinatura de um companheiro da direção da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Nossa central é plural, existem dirigentes dos mais diversos partidos, com suas preferências pessoais. Mas seguramente essa não é a posição majoritária da Central, pelo contrário.

Desde o ótimo desempenho de Ciro Gomes na entrevista ao Jornal Nacional e no debate entre os candidatos à Presidência, a militância petista desencadeou uma campanha agressiva para massacrar a reputação do pedetista. Acusam Ciro de atuar como linha auxiliar do bolsonarismo por criticar Lula. Querem que ele retire a sua candidatura para apoiar o petista ou que os eleitores ciristas desistam de votar em quem acreditam ser o melhor para o país e votem no ex-presidente. Para isso, usam argumentos mentirosos e uma narrativa que não para em pé.

“Ah, mas Ciro iguala Lula e Bolsonaro, faz uma falsa equivalência.” Outra mentira. Em inúmeras ocasiões, Ciro faz a ressalva de que Lula é do campo da democracia, Bolsonaro não. O que é rigorosamente igual entre os dois é a política econômica do tripé macroeconômico (superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação) e o modelo de governança política, o toma lá da cá com o centrão.

“Ah mas nessa eleição o principal é derrotar Bolsonaro.” Ciro entende que sim, já disse que a tarefa número 1 é tirar Bolsonaro, mas a tarefa número 2 é reconstruir o país e impedir que essa tragédia aconteça de novo. E ele entende que não vai ser possível superar de vez essa tragédia se a gente reeleger justamente a causa da tragédia. Porque, se Lula se eleger, vai produzir uma enorme frustração. O país de hoje e a situação econômica mundial não são os mesmos de 2002. Essa frustração vai alimentar de novo o bolsonarismo, que correrá o risco de voltar em 2026, produzindo um ciclo vicioso de destruição. O Brasil não aguenta mais isso.

É preciso ter clareza: quando Ciro critica Lula, não é nada pessoal. Mas sim porque ele entende que os escândalos de corrupção, a crise econômica gerada do governo Dilma e a falta de mudanças estruturais nos governos Lula é que provocaram a ascensão do Bolsonaro. Ele escreveu um livro sobre isso, fez um diagnóstico das causas da nossa crise e propôs um projeto para superá-la. Você pode não concordar com o pensamento dele, mas querer calá-lo e impedi-lo de apresentar suas ideias e de disputar a eleição é fascismo.

Massacram a biografia do Ciro, chamando de coronel alguém que não tem terras, meios de comunicação, quem sempre priorizou a educação. Que tem um projeto emancipatório para o povo, verdadeiramente de esquerda, com taxação de grandes fortunas, de aviões e barcos, de lucros e dividendos. Contra privatização da Petrobras, com uma nova política de preços para os combustíveis. Com um modelo revolucionário de educação, que ele e seus aliados implantaram com sucesso no Ceará.

“Ah, mas Ciro não tem chances, está muito longe”. Primeiro, eleição não é corrida de cavalo, você não precisa apostar em quem acha que vai ganhar. Segundo, pesquisas “erram”. Na verdade, elas não servem para fazer previsão de resultado, pois são um retrato de momento. Em Fortaleza, nas vésperas da eleição de 2020, as pesquisas colocavam o candidato a prefeito do PDT cerca de 20 pontos à frente do segundo colocado, mas ele foi eleito com uma margem de apenas 3,38 pontos percentuais de votos válidos. Há inúmeros exemplos assim.

Portanto, fazer campanha contra o instituto da eleição em dois turnos, fazendo terrorismo eleitoral para tentar interferir na escolha alheia, é profundamente antidemocrático. Chamar de fascista quem quer eleger alguém com a estatura política de Ciro Gomes, uma pessoa absolutamente honrada, que em 40 anos de vida pública nunca respondeu nenhum processo por corrupção nem para ser absolvido, que tem um projeto revolucionário e transformador para o país, é absolutamente desonesto. E, além de tudo, é uma estratégia totalmente burra, pois quem realmente acredita que Ciro não tem chances deveria estar preocupado em construir pontes com os eleitores ciristas, não em partir para a ofensa e dinamitar de vez qualquer chance de conquistar votos para o seu candidato.

Além disso, em 2018, a estratégia de Bolsonaro foi exatamente a mesma. Foi disseminada uma urgência de que era preciso derrotar o PT no primeiro turno, e só Bolsonaro seria capaz disso. Muitos eleitores de Alckmin, Amoedo, Meirelles e outros abriram mão de suas legítimas preferências e fortaleceram quem não queriam. E deu no que deu. Agora o PT está fazendo rigorosamente a mesma coisa.

Insistir na narrativa da polarização só fortalece Bolsonaro, que ainda é visto por grande parte do país como o único capaz de evitar a volta do PT ao poder. Bolsonaro é sim uma das maiores ameaças à democracia e ao nosso futuro. Mas, se votarmos por medo do que ele ou seus seguidores fanáticos podem fazer, já estaremos nos submetendo ao fascismo. A democracia já terá perdido.

O melhor para a democracia é o crescimento de Ciro Gomes, não o seu massacre. Para quem não suporta a ideia de Bolsonaro se reeleger, o verdadeiro voto útil no primeiro turno é votar em massa no terceiro colocado, para que ele ultrapasse Bolsonaro e esse ser desprezível fique fora do segundo turno. E seja, assim, reduzido ao tamanho insignificante que merece e que, inexoravelmente, a história lhe reserva.
O Brasil precisa de um Projeto, não de mitos.

Antonio Neto
Presidente Licenciado da CSB e candidato a deputado federal pelo PDT de São Paulo

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